Como o canto da sereia
- Tamiris Júlia

- 19 de jun. de 2018
- 1 min de leitura

O sol das treze horas iluminava o bar charmoso. A luz brincava entre os copos de cristal dependurados no móvel de madeira em frente a suntuosa parede de vidro que dava para a face do mar primaveril. O balcão cheirava a lavanda.
Ele se levantou e disse que precisava ir ao toalete, dando assim um pause na nossa animada conversa sobre sua nova conquista amorosa. No instante em que ele se levantou, um homem alto, bem vestido e com cheiro de uísque chegou-se até mim e começou a dizer:
– Tu não suportas essa situação, mas se convence do contrário por medo de perde-lo. Tu não suporta vê-lo com essa garota. Como ela se chama? Carolina? – ele deu uma pausa, fechou os olhos, suspirou e continuou – tu choras por dentro é apodrece a cada vez que uma delas chega. Mas tu és a amiga, a boa garota, a piadista, a ouvinte. Tu és a âncora desse navio que pensa ser veleiro. Não se engane! O que está fazendo?
– Ah coração – respondi – até hoje você não entende os sacrifício que a razão faz para que tu não seja partido em pedaços.
– Ah pobre criança – ele respondeu desdenhoso – Até hoje você não entendeu a profunda ligação entre razão e coração. Como um marinheiro que sobreviveu ao canto de uma sereia, assim és.
– Melhor morrer doente pelo canto dela do que afogado pelo seu engano. Agora deixe-me só.
– Como quiser milady.
Então o homem evaporou junto com suas palavras.
(Autora: Tamiris Júlia Amaral)




Comentários